Uma hora atrás.
- Estarei no Boeucc, as oito da noite. Pensa direito no que te propus. Espero te encontrar lá. - Disse Daniel que imediatamente desligou o telefone.

Anna não tinha mais nada a perder, então decidiu que iria encontrar Daniel no lugar em que ele havia marcado. Escolheu o seu melhor vestido, melhor sapato e fez um belo penteado. Afinal, era uma ocasião especial, era o fim.

Anna entrou no restaurante, estava extremamente ansiosa. Parou e procurou por Daniel, vasculhando em cada canto daquele enorme restaurante. O avistou e foi ao seu encontro. Sentou-se e sorriu para o rapaz.

Anna era loira, cabelo longo, olhos negros, não era magra, mas também não era gorda. Ela tinha um sorriso muito bonito e que iluminava qualquer lugar em que ela entrasse. Daniel era charmoso. Ele tinha cabelos cacheados, barba por fazer, olhos verdes, era alto e sorriso perfeito. Definitivamente encantador.

Daniel já tinha pedido vinho e estava extremamente a vontade no restaurante como se fosse a sua própria casa. Anna estava desajeitada, pois não era acostumada a estar em um lugar tão chique como aquele.

- Você pode pedir o que quiser, Anna. - Apontou Daniel ao reparar que a moça revirava o cardápio várias vezes sem encontrar o que quer.

- É, eu sei. Eu preciso fazer uma ótima escolha... pra nós dois. Entende?!

Daniel fez que sim e sorriu. Anna sempre se derretia a cada do sorriso do rapaz.

- Vamos ver... - Daniel pegou o cardápio também e começou a observar os pratos. - Vou te ajudar, querida.

Anna fez o pedido e Daniel escolheu apenas uma salada para não deixar que ela comesse sozinha. Apesar de qualquer coisa, ele era um cavalheiro. Ele se considerava assim.

- Você tem certeza disso? - Os olhos verdes de Daniel fitavam os negros de Anna, que corou na hora.

- Tenho sim. Eu amo você! Eu faria qualquer coisa por você. Até mesmo isso.

- Ok. Isso é bom. E quanto a sua família?

- Para eles eu consegui um excelente trabalho fora do país. No qual estou de mudança imediata. Ofereceram ajuda, mas disse que deixaria todas as minhas coisas aqui e recomeçaria tudo de novo.

- Hm... Ok. Fico feliz com a sua decisão. É uma decisão sábia e corajosa.



Duas horas depois.

Anna sentou-se no sofá da casa de Daniel, sem jeito. Havia ido lá umas três vezes.

- Você pode ficar a vontade, não precisa ficar com medo. Serei gentil com você.

- Eu sei, mas eu estou um pouco nervosa...

- Eu posso imaginar... Já vi isso em outras garotas.

- É. Eu sei. - Anna não gostava de imaginar que isso tenha acontecido com outras garotas antes dela. E que irá continuar acontecendo, querendo ou não. Ela será mais uma.

Ele sentou-se a seu lado e abraçou gentilmente. Ela ficou tensa na hora, mas foi relaxando aos poucos.

- Você quer que seja indolor? Ou do meu jeito? - Perguntou Daniel enquanto acariciava o cabelo de Anna.

- O que é melhor pra você?

- O melhor pra mim não é o melhor pra você. Prefiro algo puro, ou seja, com dor.

- Então que assim seja. - Anna engoliu a seco.

- Quando estiver pronta, querida.

- Estou pronta. - Anna fechou os olhos.

Daniel passou seu braço envolta do pescoço de Anna e pressionou para que o ar não mais entrasse e ela sufocasse ali mesmo.
Anna morreu.
Ele pegou o corpo dela e levou para o seu porão e cortou as partes que mais gostava no corpo dela. O resto ele queimou e guardou as cinzas num pote e colocou junto com as das outras garotas. Levou pra cozinha as partes que separou, temperou e colocou no forno. Enquanto esperava assar, tomou um banho e colocou roupas limpas. Ligou o som e começou a tocar Tchaikovsky.



UM ANO E MEIO DEPOIS.

Jornal da cidade: Daniel Hart, preso por homicídio e canibalismo. Teve 28 vítimas em dois anos e meio, uma média de uma garota por mês. Segundo a polícia, seu modo de operação era encontrar garotas depressivas que pensavam em suicídio. Ele se conectava com as jovens e depois as matava e comia partes dos corpos das garotas. Ele disse que fazia por amor a elas e elas por amor a ele, era uma troca justa.