E cá estou eu novamente como  assunto vestibular. É muito difícil ser alguém que gosta de tudo um pouco, fica difícil tomar uma decisão sobre o que fazer com a vida, sem contar as pressões que sofremos ao longo da adolescência para escolher logo o que fazer e por aí vai. Bem, eu comecei indo para o lado artístico da coisa com o curso de rádio e TV, é como se fosse um curso técnico de audiovisual/cinema, então não é uma coisa completa, porém dá pra você ter uma noção. Eu saí do curso querendo engenharia elétrica, então fiz um cursinho preparatório para o ENEM e ele era gratuito, totalmente voluntário. Fiz amigos incríveis lá e que levo até hoje! Não passei na Federal, mas consegui uma bolsa pelo nossa bolsa. 

    

Comecei gostando muito, porque gosto muito da parte de exatas, matemática e física. Só que nem tudo são flores na engenharia e eu não tinha muita certeza do que eu queria fazer na área (na real eu tinha um sonho de que eu iria pra fora pra fazer robótica voltada a pessoas que perderam membros, enfim...), não é atoa o nome do blog, eu vivo no mundo da fantasia às vezes, mas a vida adulta, a realidade começa a ser esfregada nas nossas caras e a gente vai pondo o pé no chão... Então um dia eu percebi que aquilo não era pra mim. Uma série de fatores me fizeram entrar em depressão profunda, eu pensava em formas de suicídio, em me matar o tempo todo, foi bem difícil. 

     

Um belo dia, no segundo ano consecutivo, minha vó vai parar no hospital exatamente um ano depois de ter sofrido outro acidente no ano anterior (no mesmo dia hahaha). E lá fomos nós, eu, minha mãe e o namorado dela. Aquele ambiente hospitalar sempre conversou comigo, sempre gostei... a maioria das pessoas odeia, não gosta de jeito nenhum, já eu sempre me interessei. Nunca tive aquele sonho de infância de ser médica nem nada, mas hospital sempre falou comigo. Claro que eu como paciente não acho interessante (hahaha), contudo eu gosto, nem sei explicar. 

     

Não tenho parentes próximos médicos (apenas um tio-avô que quase nunca o vi na vida) então acho que por isso nunca idealizei. Só que como eu disse, sempre gostei de quase todas as matérias da escola (menos geografia, o terror!) e biologia, em específico, a parte de fisiologia humana e as doenças também. Depois do meu problema com depressão, com familiares e amigos com problemas assim também, procurava ler e entender as causas e como funcionava e mais uma vez me apaixonei pela fisiologia e as doenças humanas.

    

Naquele dia no hospital mandei mensagem para um amigo que estava estudando pra medicina (ele já fez parte de algumas das minhas histórias aqui, né Ícaro?!) e então mandei a seguinte mensagem (não tem precisão porque são muitos anos): 

- migs, acho que quero fazer medicina - Lembrando que eu ainda estava na engenharia.

- sério? sempre achei que fosse a sua cara... tipo, física é uma coisa que você gosta, mas acho que é um lance mais teórico de saber como as coisas funcionam e tal. Sempre achei que medicina era a sua caraaaaaaa (...).

    

Pensa numa pessoa feliz de ter a primeira "aprovação" das pessoas sobre um curso muito concorrido de se fazer e ainda um incentivo incrível dessa pessoa maravilhosa. Pois bem, a pessoa que vos escreve empurrou o semestre com a barriga planejando sair e poder estudar. Quando contei para minha mãe, vocês já devem imaginar a reação de todo pai pra um filho que está numa faculdade e fala que vai largar pra poder estudar pra MEDICINA, só o curso mais concorrido em qualquer lugar do Brasil. Falou que se eu quisesse eu poderia largar e estudar direito da metade do ano até o fim (eu parei no terceiro semestre da faculdade) e que se não passasse era pra eu arrumar um emprego, como eu disse, sempre as pressões da vida. 

    

Como vocês já devem saber, eu não passei. Meu ensino fundamental e médio praticamente todo em escola pública, ensino totalmente defasado, por mais que eu estudasse o mundo, era praticamente impossível eu passar. Até porque eu não sabia estudar (não sei se hoje sei estudar, mas pode ter certeza que estou muito melhor do que quando comecei). Enfim, consegui um emprego como editora de vídeos e cinegrafista, trabalhei quase 1 ano). Meu propósito era o de pagar cursinho nessa época, mas não sei, era meu primeiro emprego e eu fiquei um pouco empolgada demais para poder curtir as coisas, meus primeiros salários que não me dediquei de forma alguma ao sonho da medicina. 

Saí do lugar que eu trabalhava e fiquei meio sem rumo, mas sem demorar muito apareceram pessoas que conheci nos eventos pedindo edição de vídeo, isso foi no final de 2015 para o começo de 2016. 

     

Como era algo totalmente freelancer e incerto, mais uma vez não investi nos meus estudos. Porém chegando ao final de 2016 percebi que mesmo sendo freelance eu conseguia receber uma quantidade X fixa por mês, então fiz uma prova para bolsa em um dos melhores cursinhos aqui da Grande Vitória. Consegui 55% de desconto e me joguei, esse é meu ano, pensei. Aconteceram tantas coisas em 2017 que parece até que alguém jogou uma praga pra mim, não sei. Mas ainda assim, valeu muito a pena estar lá. Aprendi tantas coisas que eu nunca estudei antes na minha vida (só quem estudou em escola pública sabe o sentimento, desde que não seja IF, geralmente os IF's são muito bons) e pra mim valeu muito ter investido. 

    

Esse ano decidi estudar em casa, mas tá bem complicado porque ainda estão acontecendo muitas coisas e o trabalho é pesado demais. Porque pra estudar pra medicina você tem que investir praticamente todo dia todo tempo, sabe?! É bem difícil e mais uma vez estou tendo que tomar decisões difíceis, por exemplo, parar de trabalhar... ficar sem meu dinheiro. Vai ser difícil, porém necessário. Estou investindo em fotografias (provavelmente postarei aqui sobre os ensaios) porque é um trabalho que posso fazer só aos fins de semana e não comprometerá minha semana (dias úteis). Tô bem feliz e ansiosa pra poder parar de vez com os vídeos (estou finalizando alguns trabalhos) para poder me dedicar mais. Outra coisa que tenho amado muito é que quando eu estou desanimada, vou no youtube e tem pessoas maravilhosas que compartilham suas rotinas de estudante de medicina e me motivam muito! Na época que decidi fazer medicina eu não encontrava nada, mas agora é uma mar de informação que acho lindo demais! Quem sabe um dia eu não faça e não ajude alguém também?! hahaha