Encontro no Les Deux Magots

8:38 PM


Estava lendo sobre o que eu mais gosto, que é a arte. Enquanto lia tomando meu café em um dos melhores lugares de Paris, Les Deux Magots, entra um homem alto, bonito, olhos doces e um sorriso muito amavel. Fiquei adimirando-o por uns vinte segundos, ele estava sentado sozinho, começou a tomar seu café e estava com os olhos vazios. Eu percebi que eu estava ali parada olhando para ele já fazia mais do que um minuto. Mas era tarde demais, ele olhou pra mim com um pouco de tímidez e me deu aquele sorriso lindo, e suas bochechas pareciam coradas, ele estava ha uns quatro metros de distancia de mim, não poderia afirmar, só que eu havia deixado-o sem jeito, e ele a mim. Voltei a olhar o livro e li algumas palavras sem vontade, e quando fui dar uma espiadinha por cima do livro, não o encontrei lá, senti que meus olhos arregalaram, meu coração disparou...Havia batido desespero, pensei que eu havia o perdido. Então pensei "pare! é apenas um rapaz bonito, com o sorriso mais encantador".
- Droga! - murmurei para mim.
Fiquei olhando em volta para ver se eu conseguia ve-lo, não pude ver nada. Um sentimento de perda, de que eu poderia ter feito algo, não sei, eu poderia ter falado com ele, eu poderia ter ao menos...Eu só sei que o que eu não queria era ter perdido ele. Como vou encontra-lo novamente?
Suspirei. Lágrimas queriam escorrer. Mas que idiota! Como posso sentir isso, por alguém que só vi uma vez na minha vida e nem ao menos conversei? pensei. Entrei para pagar meu café. E sai de dentro do estabelecimento e comecei a guardar meu livro... Foi então que alguém esbarrou em mim.
- Desculpe. - Disse ele com um sorriso com uma leve preocupação.
Eu apenas sorri. Senti um frio na barriga. Era ele, estava na minha frente, pude examinar cada traço de seu rosto. Ele era ainda mais lindo de perto. Fiquei simplesmente paralisada.
- Tudo bem com você? Eu te machuquei? - perguntou.
- Não se preocupe, esta tudo bem. É só que... esquece. - Sorri, eu estava tremendo, a voz dele era suave e soava muito bem, como uma canção.
- Diga... - insistiu.
- Não, é melhor que não fique sabendo. - Sorri novamente, eu sabia que estava fazendo uma cara de boba.
- Não vou insistir então mas eu posso saber qual é o seu nome? - Estavamos nos olhando fixamente, era como se o mundo tivesse parado, e como se não houvesse outras pessoas em nossa volta.
- Meu nome é Sophie. - Eu quis abraça-lo naquele instante e eu queria saber o motivo.
- Meu nome é Maurice. - Ele estendeu a mão sorrindo para mim. - Prazer em conhece-la.
Apertei sua mão e sorri. Eu sentia uma felicidade que era capaz de explodir naquele momento.
- Prazer em conhece-lo também.
Fez-se um silencio.
- Vamos para perto da torre Eiffel? Eu te levo. - Ele balançou a cabeça, parecia confuso. - É que eu gostaria de te conhecer melhor. - Ele usou seu sorriso perfeito e um olhar pidão.
- Tudo bem. Eu sigo logo atras de você, é que eu estou de carro.
Ele deu um risinho de quem queria aprontar.
- Eu também estou de carro. Vamos fazer assim, você deixa seu carro aqui. Eu te levo e quando terminarmos nossa conversa eu te trago aqui. O que você acha?
Fiquei pensando em um instante mesmo sabendo que o que eu queria desde a hora que o vi entrar no Les Deux Magots era poder estar em seus braços.
- Se não quiser... - ele começou a dizer quando eu o interrompi.
- Eu vou com você.


No carro não
nos falamos muito. Ele só perguntou de onde eu era, no que trabalhava e o que eu gostava de fazer. Apenas fiz as mesmas perguntas a ele.
Chegamos lá ficamos perto da torre. Sempre que eu a vejo fico encantada. Ela é tão linda, e ainda mais a noite.
Notei que Maurice estava me olhando, preferi não encarar por isso continuei observando a torre Eiffel.
- Ela é linda não é? - Disse ele agora olhando para a torre.
Apenas balancei a cabeça afirmando.
- Era pra ser uma estrutura temporária. O governo da França planejou uma exposição mundial em 1889 para que construissem um monumento aqui, então ele reuniu mais de cem homens e escolheu Gustave Eiffel, e como ele construia pontes e havia desenhado a Estatua da Liberdade o seu contrato de vinte anos do terreno da exposiçao expirou, e ela quase foi derrubada, mas o seu valor como uma antena de transmissão de rádio a salvou. E agora ela é assim maravilhosa e um dos monumentos mais visitados.

Eu o encarei perplexa. Mas tentei suavizar meu rosto. Ele estava olhando pra mim agora, eu quis dizer algo, mas eu não consegui. Seus olhos me hipnotizaram de tal maneira que não consegui pensar em mais nada, a não ser que minha vontade era que ele pudesse me dar um beijo naquele instante.
Ele tocou meu rosto e acariciou e me abraçou e depois ficamos olhando para a torre e conversamos por um longo tempo. Era bom estar com ele. Desejei que as horas nunca passassem. Foi então que olhei que horas eram, já eram quase uma hora da manhã.
- Tenho que ir, Maurice. - disse eu com um tom de tristeza.
- Você quer ir mesmo? Se quiser podemos passar a noite toda aqui. - ele disse num sorriso que quase me convenceu a ficar.
- Eu tenho que ir, depois nós nos encontraremos de novo. Eu espero.
- Por favor, fique mais um pouco.
Eu queria muito ficar ali, mas eu estava exausta. Precisava de um banho, comer alguma coisa e dormir, isso se eu conseguir dormir, provavelmente ficarei pensando em Maurice e na noite que passamos juntos. A cada coisa que ele dizia, eu começava a gostar mais dele.
- Eu tenho que ir mesmo.
Ele pegou na minha mão e beijou e depois ficamos nos encarando. Ele sorriu, mas não era o mesmo que eu o vi fazer quando eu aceitei seu convite. Era um sorriso triste. Então eu abracei ele, e ficamos ali por uns dez segundos. Ele soltou do abraço, seu rosto perto do meu, seus lábios perto dos meus, e foi então que ele me beijou pela primeira vez.
.
.

(Pamela Nantes)

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5 comentários

  1. Bonita história Pam. Continue escrevendo.
    Beijos Nanica.

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  2. O começo me lembrou Amélie Poulain quando o Nino vai no café encontrar a Amélie e ela nega ser ela. gostei bastante, esse é seu primeiro conto mais longo né?

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