Estive pensando esses dias em como as pessoas sentem tanta necessidade de ter outras pessoas por perto, de conversar e compartilhar as coisas. Eu não serei hipócrita de dizer que não sinto essa necessidade nunca - porque eu não sou um robô, eu preciso conversar sim, mas creio que é de uma forma que não sei explicar... talvez pelo fato de eu odiar ser um incomodo, então eu penso "não vou ficar enchendo as pessoas com os meu problemas", sim eu sempre acho que estou incomodando. É claro que a gente sempre tem aquele amigo com quem a gente pode contar tudo, mas ultimamente eu tenho me fechado muito, aliás há uns 3 anos isso tem acontecido e eu não sei exatamente o por quê.

Bem, eu sou uma pessoa extremamente tímida e eu tenho meus momentos de loucura onde a timidez aparentemente some, mas ainda assim eu fico nervosa com situações sociais. Sempre quando há muitas pessoas eu fico quieta apenas escutando, eu não sou muito boa em puxar papo com ninguém, a não ser que tenhamos coisas em comum para poder compartilhar, e provavelmente se você for muito parecido comigo, eu te amarei (risos).

Entretanto, as vezes eu penso que seria melhor não fazer amizades, não criar laços com ninguém, assim eu não me decepciono e não decepciono ninguém. Quem é meu amigo e lê meu blog sabe que eu andei depressiva e um dos motivos é que eu e minha melhor amiga tivemos um desentendimento, eu tentei conversar, mas como eu disse sou péssima nisso, acabei piorando e não faço a mínima de como consertar e isso me doeu e dói muito. Porque pra mim, que não gosto tanto de socializar assim, por ser tímida e introvertida, perder um amigo é complicado demais. Como eu vou confiar em outras pessoas como eu confiava nela?

Eu vejo as pessoas na rua e essa necessidade de fazer amigos e de ser educado, as vezes traz um ar de falsidade. Hoje eu fui ao salão depilar as pernas e a dona do salão tentava conversar comigo e isso me incomoda, não pelo fato dela estar tentando me fazer sentir confortável, mas o fato de eu não saber conversar, não saber manter uma conversa direito e parecer que eu não ligo totalmente, mas é porque eu não entendo. É difícil, eu tento entender o porque as pessoas precisam tanto disso.

Minha mãe costuma reclamar muito de que eu fico toda feliz quando meu pai me liga ou quando eu o vejo, é óbvio que eu amo minha mãe e ela é tudo pra mim, mas o jeito dela é diferente do meu, ela pensa do jeito diferente. Ela tá sempre com esse lance de conversar 'all the time' e as vezes ela fala alguma coisa e eu apenas ouço e faço que sim ou dou um sorriso. E ela reclama disso também, que eu não converso com ela e essas coisas. Mas não é porque eu necessariamente não quero conversar, mas é porque eu não sei o que falar e não tenho nada pra falar. Já meu pai é na dele, não conversa muito (minha personalidade é bem parecida com a dele), fica na dele, quando vou a casa dele a gente almoça junto, assiste TV e é basicamente isso. Eu valorizo muito o estar ali do lado. Não acho que a necessidade de conversar seja tão grande assim. Eu gosto do silêncio. Eu AMO o silêncio. Então, sim, estar com meu pai me deixa muito bem pelo fato de eu não me sentir mal se eu não tiver o que dizer e sim apenas estar lá.

Eu não visito muito casa de amigos como eu fazia há uns 8-9 anos atrás que todo final de semana eu ia pra casa de uma amiga. Mas veja bem, nós passávamos o dia todo ouvindo música, imitando eles, assistindo DVD's de bandas ou filmes, ou seja, sem muita conversa. Nessa época eu era, sei lá, segundo a mulher que trabalhou no escritório do meu avô, eu era gótica. Eu e minhas amigas escrevíamos textos depressivos. Até que um dia eu aprontei e minha mãe mandou eu parar de falar com uma delas que era minha melhor amiga da época. E como eu disse, perder um amigo pra mim não é fácil, eu tive uma depressão de certa forma, continuei escrevendo textos depressivos, muito depressivos. Isso é um pouco vergonhoso, mas eu me cortava as vezes, nada demais, como a gente vê nessas fotos aí, mas mesmo assim, eu fiz. Eu pensava em morte com muita frequência. Acho que essa foi a época que eu tive o pico de depressão e depois eu nunca mais cheguei a ficar assim, como eu tinha ficado, tirando essa última (só pra lembrar que eu estou bem porque tenho tomado remédios. Nesta quarta-feira eu tive uma recaída, mas estou bem de novo, como eu disse: remédios). É claro que minha mãe tem sido bem atenciosa com esse lance, porque no momento que eu disse pra ela que eu queria morrer eu vi o olhar de preocupação extremo dela e a voz dela até falhou quando ela lançou um "por que, minha filha?". Pois é, ela tem sido bem legal, apesar de algumas coisas que ela disse que eu fiquei um pouco chateada, mas eu entendo ela, pois ela quer me ver bem.

Mas o assunto não é esse. O ponto que eu quero chegar é que fazer amizade é complicado, lidar com pessoas é extremamente difícil e eu não sei fazer isso direito. Eu não consigo entender algumas coisas, algumas obrigações, mas eu as faço pra tentar ser educada. Tem uma coisa que me incomoda muito nesse lance de amizade é que tem pessoas que elas são tão necessitadas de atenção, ou sei lá, que você precisa falar sempre com ela, se não elas acham que você não gosta mais dela ou sei lá o que se passa na cabeça dessas pessoas. Eu sou uma pessoa que se eu te considerar um amigo, independente do tempo que eu ficar sem falar com você, você sempre vai ser meu amigo. Tanto que eu tenho um amigo da Alemanha, nós somos amigos há três anos e nós não nos falamos sempre, mas cara, da pra ver que é uma amizade de verdade, sabe?! Nós nos falamos uma vez por mês e olhe lá, mas sempre que nós conversamos ele me conta tudo sobre a vida dele... coisas bem pessoais, de amigo, e eu faço o mesmo e fico feliz quando nós conversamos mesmo que eventualmente, porque eu não vejo uma obrigação em falar com ele todos os dias. Amizade não deveria ser uma obrigação de atenção sempre. Eu tenho vários amigos que eu não converso sempre, ou raramente eu converso e vejo, mas quando eu os vejo na rua ou saímos, abraço e aperto mesmo. Até porque é aí que vai rolar a conversa, vão ter acontecido coisas diferentes na vida das pessoas e vão ter o que conversar sem ser forçado.

E essa coisa de ser sociável é complicado pra quem é tímida e introvertida. Na minha família desde quando eu era criança e tinham essas reuniões de família ou coisas assim, eu não falava com ninguém. Se eu tivesse com meu pai eu sempre ficava perto dele ou dos meus avós e todo mundo me chamava de "bicho do mato" e isso me irritava e tinha menos vontade ainda de tentar me socializar. Quando eu tava com minha mãe sempre ficava perto dela também e não deixava ninguém chegar perto (muahahahahaha). Meu avô materno me chama de antissocial até hoje, mas acho que ele acostumou.

Sou daquelas pessoas que passa na rua e abaixa a cabeça e faz outra coisa pra não falar com você, a não ser que sejamos próximos, nesse caso eu falarei contigo, isso se você não virar a cara :( Mas explicando, eu não faço por mal ou porque eu não gosto de você, é só que eu não me sinto muito confortável... por que? Eu não sei. Simplesmente é assim e eu não consigo controlar isso. Teve uma vez que eu evitei passar em um local porque eu sabia que uma amiga estaria lá e eu poderia vê-la, então eu passei em outra rua só pra evitar. Até porque ela não estaria sozinha, porque da última vez que eu a vi, tinha um monte de gente e eu tenho esse lance de achar que tão sempre falando mal de mim (que isso é tema pra outro post também). Eu acho que eu evitei mais por isso, pra não ter que ver outras pessoas e não a minha amiga, é claro.

O que eu queria falar sobre o assunto era basicamente isso, que acho muito difícil manter amizades, manter conversa com as pessoas e me socializar. Pelo fato de eu não entender direito essa necessidade extrema de falar todos os dias e a atenção que se deve dar. As vezes eu tento falar com as pessoas que eu sei que são próximas a mim quase sempre pra ela não pensar que eu não me importo, mas na verdade é que eu me importo do meu jeito.

PS.: Não fiquem com raiva de mim, amigos, é apenas o meu jeito de ver as coisas. E por favor, se você é meu amigo e está lendo e eu não falo muito com você, eu não te odeio e nem desgostei de você, é só o meu jeito mesmo. Obrigada pela compreensão!