Ela desceu as escadas bem lentamente. Quando chegou ao portão, abriu todos aqueles cadeados, uns três. Destrancou-os muito devagar, lhe faltava força, enquanto ela abria também segurava uma sacola com o lixo. Saiu de dentro da casa, parecia que não saia de lá há séculos, lá com certeza ela passava o dia todo, talvez a única hora que ela saia era para deixar o lixo do lado de fora, e após fazer isso, com passos lentos voltou para os cadeados, demorou um pouco menos de tempo para fechar do que quando ela abriu.
A senhora aparentava uns cem anos de idade, quando ela subiu as escadas parecia usar todas as suas forças. Fiquei imaginando como seria a vida dela, com quem ela vivia, se ela fazia tudo sozinha dentro de casa, senti algo diferente ao olhá-la. Foi então que a senhorinha havia sumido na escuridão das escadas e o ônibus em que eu estava havia partido.
